A Suíça é a terra dos clichês, as paisagens são de revista, a democracia é directa e tudo funciona como um relógio, ou não fosse este um dos seus símbolos mais fortes. Mas a federação helvética é muito mais que relógios e canivetes, bancos e chocolates, montanhas e vacas
Começamos
esta jornada na região alemã, na maior urbe do país: Zurique. Considerada uma
cidade global (Global Cities Index aqui) por
causa do seu desenvolvimento estrutural, Zurique acolhe a sede de vários
bancos, instituições financeiras e organizações internacionais como a FIFA.
Em 2009,
ficou entre as 10 cidades mais poderosas do planeta e, em 2012, foi considerada
a melhor grande cidade para se viver. O reverso da moeda? É um dos lugares mais
caros do mundo, com trânsito, comércio e poluição visual (leia-se publicidade) de cidade grande. No
entanto, ali para os lados do lago, a vida acalma com banhos de água gelada e
toalhas estendidas ao sol.
Mais. Para
lá chegarmos, passamos por becos e vielas de outros tempos, por barzinhos com
esplanadas e inúmeras fontes de água, para enchermos as nossas garrafas. Para
mim, isto é um indicador de primeiro mundo: a cidade tem mais de 1200 fontes de
água potável.
Mas vamos
por partes.
Apesar de
termos alugado um carro para explorar o país, chegamos a Zurique de comboio
porque não é fácil (e barato) estacionar na cidade. De resto, a estação Zurich
Hauptbanhof é um excelente ponto de partida, já que acolhe o posto de turismo e
fica a cinco minutos do centro histórico.
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O Museu Nacional retrata toda a história e cultura suíça. |
Basta
atravessar uma estrada movimentada e estamos na Bahnhofstrasse, a elegante rua com exorbitantes preços por metro quadrado. As montras de relógios sucedem-se, para emoção do Miguel que rejubila
cada vez que vê um Panerai e, não muito longe dali, existe uma loja da Victorinox,
a famosa marca de canivetes.
Ali fica
também a Paradeplatz, sede dos maiores bancos suíços (UBS e Credit Suisse) que,
dizem, escondem cofres subterrâneos repletos de ouro. Mas a minha imaginação
não se demora em tesouros porque, precisamente nesta praça, fica a tradicional
confeitaria Sprüngli, conhecida pelos seus Luxemburgerli.
O chocolate faz parte do cenário; Lindt, Läderach, Vollenweider estão por todo o lado. Ora chocolates, como toda a gente sabe, é coisa que nem aprecio (sqn)!!!! Só não esgotei o stock nacional porque é mais barato comer chocolate suíço em Portugal do que no próprio país.
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Detalhe dos afrescos de Paul Bodmer, no convento de Fraumunster. |
Mas
prosseguimos para o centro histórico, que o chocolate tem o condão de
encolher a roupa, para conhecer a Igreja de S. Pedro e a sua linda torre do
relógio. Na frescura do interior, aponto ao pequeno explorador as diferenças
entre esta singela igreja protestante e outra que seja católica.
Outro
lugar belíssimo é o antigo convento Fraumünster, com os seus claustros decorados com afrescos.
Não chegamos a entrar, porque a visita é paga, e só depois soube que no
interior existem vitrais de Augusto Giacometti e de Chagall. Oh,
arrependimento!
Perto do rio Limmat, constatamos que uma multidão enche as margens e a ponte. Alguma coisa
se passa, certamente, e não demoramos a perceber que o venerado Federer (verdade, os suíços adoram-no) e o actual número um mundial do ténis, Andy
Murray, estão a chegar para um treino... o objectivo é promover o Match for Africa dessa noite, uma
iniciativa da Fundação Roger Federer que apoia a educação de meninos africanos.
Passamos uma
agradável tarde nas margens do lago Zurique, que os suíços transformam em praia
sempre que o sol aquece, e espreitamos o jardim chinês, um presente da cidade
chinesa de Kunming, como forma de agradecimento pelo apoio técnico-científico
dado pelos suíços na expansão da sua rede de água e saneamento.
Voltamos
ainda à cidade para visitar o Museu Nacional, que parece um palácio saído das
páginas de um conto e tem a maior colecção sobre a Suíça.
Lá dentro, mora a estátua de cera mais verosímil de sempre, a representar a
Helvetia (ficamos ali imenso tempo a tentar perceber se era uma pessoa de carne
e osso)...
Mas o que ficará para sempre na memória dos meus rapazes é aquele jogo de ténis em pleno rio, num campo flutuante.
Mas o que ficará para sempre na memória dos meus rapazes é aquele jogo de ténis em pleno rio, num campo flutuante.
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© 20min.ch |
Victorinox: site
Sprüngli: site
Projecto Match for
Africa: site
Fraumünster: 5 CHF
(quase 5€) | 10h00-18h00 (horário de Verão)
Swiss National Museum: 10 CHF (crianças não pagam) | 10h00-17h00
Próximos posts (vou incluindo o link à medida que forem publicados):
Berna, a cidade dos ursos
Genebra, berço relojoeiro e capital da paz
Basel e a fronteira tripla
Lucerna, o leão e a montanha dos dragões