Há rituais de amor maravilhosos por todo o mundo. Das serenatas aos
chocolates, dos passeios de gôndola às cartas perfumadas: o
amor demonstra-se de muitas formas.
Em
Paris prende-se um cadeado num monumento com os nomes dos apaixonados, e
deita-se a chave fora numa promessa de amor eterno. Esta moda que deixou a Pont des Artà beira do colapso já foi
exportada para várias cidades europeias, nomeadamente Praga, Roma ou mesmo
Guimarães, a minha cidade berço.
Na
Áustria do século XIX, as meninas dançavam com uma maçã nas axilas. No final da
noite, uma fatia da maçã suada era oferecida ao eleito, que a devia comer com
prazer ou recusar delicadamente, dependendo de corresponder ou não às
palpitações do coração da moça. Felizmente inventaram o strudel, entretanto.
Na
Irlanda, diz-se que basta comer um trevo
de quatro folhas com o príncipe encantado no pensamento, para viverem uma
história de amor. Provavelmente será mais fácil encontrar o príncipe do que o
trevo.
Mas
neste Dia dos Namorados, quero falar-vos de uma árvore muito especial, no
Templo de A-má, ali no centro histórico de Macau classificado pela Unesco (recordem
a visita a 澳门aqui
e ao templo aqui).
Neste antiquíssimo templo, dedicado à deusa taoísta protectora dos pescadores e
marinheiros, existe uma pequena árvore, não sei precisar de que espécie,
dedicada ao amor conjugal.
Os
poucos sites de viagens que falam nela, aludem apenas a "preces penduradas"
pelos fiéis, que balançam ao sabor do vento.
"Small prayer charms are suspended from the red frame and they flutter and jingle in the breeze" (http://thetempletrail.com).
De
resto, atar desejos nos ramos de uma árvore é uma tradição muito comum na China.
Por exemplo, em Hong Kong a árvore dos desejos de Lam Tsuen tornou-se um fenómeno turístico.
No
entanto, esta árvore tem um fim muito específico, como se percebe pelos
caracteres que enfeitam a estrutura que rodeia o tronco: 树妻夫年百(lê-se, shù qī fu nián bǎi). Optei
pelos caracteres simplificados do mandarim, embora no sul da China se use o
cantonês e, portanto, os complexos caracteres tradicionais.
Por
ordem, significam árvore - esposa - marido - anos - cem. Ou seja, nesta árvore deseja-se que o casal permaneça junto por um século! Um voto tão simples quanto
maravilhoso.
Entre
as mensagens, lêem-se votos de felicidade em várias línguas e também singelos
lembretes de aniversário. Infelizmente, um incêndio atingiu o pavilhão
principal do belo templo de A-má há cerca de um ano e o restauro parece tardar
(notícia aqui).
Espero que o fogo não tenha atingido a bela árvore dos casamentos felizes e que
os casais continuem ali a expressar os seus sentimentos mais profundos. Porque
o amor se faz de pequenos gestos, um dia após o outro.
Querem
contar-me as vossas tradições de amor? Feliz Dia de S. Valentim!