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O jornal britânico Telegraph
selecionou recentemente várias pérolas europeias, lugares que se destacam pela
sua autenticidade e beleza, mas que não são muito conhecidas pelos turistas (aqui).
Atrevo-me a dizer que continuam maravilhosas, em parte, porque ainda não
conhecem o peso esmagador do turismo. Três cidades portuguesas surgem nesta
lista: Guimarães, Braga e Tavira (recordem a pequena localidade algarvia aqui).
O Berço dedicou já
vários posts a Guimarães,
ou não fosse este o lar onde invariavelmente regressa, pelo que hoje vos
propõe um tesouro bracarense. Ou seja, este post é uma espécie de matryoshka, um segredo dentro de
um segredo. O nome desse segredo chama-se Mosteiro de S. Martinho de Tibães e fica
a cerca de seis quilómetros do centro de Braga.
Uma distância curta mas que é
suficiente para isolar esta que foi a casa-mãe da ordem Beneditina em Portugal
e no Brasil (do séc. XVI até à extinção das ordens religiosas, no século XIX) e
um dos mais ricos e poderosos mosteiros do norte do país.
Um imponente cruzeiro
renascentista recebe os visitantes que se aventuram por estas terras rurais, abundantes
em água, campos de milho e estradas empedradas. A fachada do edifício, apesar
do tamanho, nada tem de extraordinário. Mas os historiadores dizem que o
mosteiro tem um "extraordinário significado histórico, artístico e
cultural", pelo que lhe damos o benefício da dúvida.
De facto, no interior e nos
jardins escondem-se algumas maravilhas dignas de serem vistas, como o altar-mor
da igreja, descrito como um dos "mais espectaculares exemplos conhecidos de talha
rococó", o órgão barroco, os azulejos do claustro e as cadeiras do coro
cheias de relevo (nota mental, não mexer nas cadeiras durante a
missa. Não sei o que é pior, se o susto que estrondo provoca, se a vergonha de
ver tantas cabeças viradas na nossa direcção).
Parece que a sua importância se
deve também ao facto de ter sido o estaleiro-escola
de grandes arquitectos, mestres pedreiros e carpinteiros, entalhadores e outros
ores (como douradores e escultores) importantes para a arte portuguesa dos séculos
doirados de setecentos e oitocentos.
Mas não vos vou maçar com datas e factos
históricos, o lugar pode ser apreciado também e apenas porque é um
lugar bonito e tranquilo. Porque não juntar o útil ao agradável e conhecer o
mosteiro de Tibães durante uma das suas actividades culturais? Sim, porque o
espaço é regularmente animado com espectáculos, concertos, exposições de
fotografia, yoga, desfiles de moda, programas para as férias infantis, até já acolheu uma festa da revista Caras (aqui)...
Deixo-vos algumas imagens de uma
manhã de domingo feliz, numa das muitas pérolas
desconhecidas da Europa.
Site do mosteiro aqui
Bilhete normal 4€ (grátis para crianças até aos 12 anos)
P.S. - este foi um fim-de-semana muito triste para todos nós, enquanto raça humana. Hesitei bastante sobre se havia de fazer referência às tragédias de Paris e de Mariana (MG, Brasil), que me chocaram particularmente, por razões diversas. Optei por não fazer um post, apesar de conhecer os dois lugares em questão, mas queria deixar uma palavra de conforto a parisienses e mineiros. Melhores dias virão!