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Passamos a vida a sonhar com o desconhecido,
queremos percorrer o planeta todo quando, afinal, tudo o que procuramos está
tão perto. A felicidade resume-se a
ter a família reunida, a partilhar uma tigela de pipocas (se possível as do pai, que
são as melhores do mundo), a um banco de jardim da
nossa cidade e ao sol que nos traz algum calor apesar de, nesta altura do ano,
o Inverno ainda se estender nas sombras.
Aqui perto há a Semana Santa mais famosa do país, temos uns dias livres
mas os passeios não nos levam para longe. Até porque o Miguel já não punha os
pés na mater pátria desde Setembro e
os afazeres multiplicam-se (incluindo frequentes e extremamente irritantes idas a centros
comerciais à procura de camisas).
Numa das nossas raras saídas, revisitamos um pouco do Alto Minho,
onde chove mais do que no resto da Europa e se produz um fresquíssimo vinho
verde, onde tanto se ouve português como espanhol, onde a mesa é sempre farta...
Começamos o dia em terras de cervaria, entre as margens do rio
Minho e os cumes da serra. Conta-se que antes de os homens aqui chegarem, esta terra era habitada por belos cervos e
governada por um garboso rei descrito, nos serões invernosos passados junto à
lareira, como "um grande senhor, prudente em tudo, corajoso na luta e
sábio no falar..."
Em honra desse majestoso cervo foi colocada uma escultura de José
Rodrigues no alto da Serra da Gávea, num miradouro sublime, com vista sobre o
vale, sem ruído, sem gentes, só paisagem e tranquilidade. Dali se vê tão bem a
ilha da Boega e avila espanhola de Goián.
E, porque Espanha é logo ali, V. N. Cerveira tem também um castelo,
dos tempos de D. Dinis, para proteger a fronteira. E com as muralhas vieram as
casas brasonadas e os típicos solares minhotos, que emprestaram à terra um ar
senhorial. E entre elas, a Casa Verde,
do século XIX, inesquecível de tão feia!
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Paragem em Caminha, antes do regresso a casa. |
A pequena Cerveira define-se hoje como uma Vila das Artes, devido à sua Bienal de Arte Moderna, que vai deixando testemunhas pelas ruas e jardins. Mas como a
fome aperta, deixamos as tranquilas margens do Minho e subimos até à Casa das Velhas, onde nos espera uma bela posta barrosã e mais uma vista que vale
milhões.
P.S. Estou muito atrasada nas minhas visitas, eu sei. Mas em breve retomamos a rotina.
Como foi a vossa Páscoa?